Resenha #575: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha (Companhia das Letras)

Título: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão
Título Original: ---
Autor: Martha Batalha
Série: ---
Páginas: 192
Ano: 2016
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Guida Gusmão desaparece da casa dos pais sem deixar notícias, enquanto sua irmã Eurídice se torna uma dona de casa exemplar. Mas nenhuma das duas parece muito feliz nas suas escolhas.
A realidade das Gusmão é parecida com a de inúmeras mulheres nascidas no Rio de Janeiro nos anos 1920 e criadas para serem boas esposas. São as nossas mães, avós, bisavós; invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar as próprias vidas, mas que agora são as personagens principais do primeiro romance de Martha Batalha. Uma promessa da ficção brasileira que chega afiadíssima para contar uma infinidade de histórias bem costuradas e impossíveis de largar.



A leitura de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão estava pendente desde que assisti A Vida Invisível, filme nacional baseado na história de Martha Batalha. Inclusive super deixo a recomendação aqui pois foi um dos melhores filmes que assisti ano passado.

A protagonista da história é Eurídice Gusmão, filha de imigrantes portugueses. Entretanto não vamos acompanhar somente sua história, mas também de todas as outras pessoas que são ligadas à moça de alguma forma. Acima de tudo, vamos conhecer mulheres assim como Eurídice: invisíveis.

Como muitas mulheres nos anos 20 no Brasil, tudo que se esperava delas era somente ser uma boa esposa e mãe, porém Eurídice tinha um potencial para ser bem mais que isso. Veja bem que falei TINHA, porque a vida sempre dava um jeito de fazê-la retornar ao que lhe era esperado pelo marido, pais, vizinhas, todo mundo... Infelizmente esse ainda é um cenário bastante real para algumas mulheres, que apenas se conformam em viver um bom casamento e com comida e um teto na cabeça para si e seus filhos.


Duas personagens que se destacam por irem contra essa maré é Guida (irmã de Eurídice) e Filomena. Ambas são mulheres de garra, que souberam viver e sobreviver quando todo mundo lhes deu as costas.  A amizade e sororidade que nasce entre as duas é algo magnífico de se ler. Se eu já havia gostado de ambas na telona, aqui esse sentimento se ampliou.

As figuras masculinas mostra que a sociedade não evoluiu tanto assim em 100 anos. Ainda temos muitos homens que subjugam suas mulheres, as tornando invisíveis até para si mesma. Por várias vezes vemos Eurídice tentado quebrar esse estigma na sua vida, e por várias vezes vemos ela não conseguir e ir se perdendo aos poucos.

O filme se difere e muito do livro. Inclusive estava até com receio de ler e me decepcionar, mas são duas obras completamente diferente. O livro tem pouco menos de 200 páginas e a escrita da Martha não é tão densa, o que combina com clima das histórias narradas. O fato que a narração é em terceira pessoa e não o personagem contando sua história é mais uma característica da vida invisível, não somente de Eurídice. Há momentos de tristeza, revolta, mas também Martha nos dá um pouco de alegria e de esperança nessas mulheres invisíveis.

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão vai narrar não somente a vida de Eurídice Gusmão, mas sim de todas as mulheres invisíveis que são obrigadas a esconder seu verdadeiro eu para que sejam aceitas pela sua família, cônjuge, sociedade... mas também é uma forma de reconhecer essas mulheres e tentar ajudá-las a encontrar sua visibilidade.

4 Comentários

  1. Ótimo artigo, muito bom visitar e ler seus conteúdos! Sempre com qualidade e excelente informações!!!


    Meu Blog: Laura Reis

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  2. Oi Lu, tudo bem?

    Engraçado como algumas coisas continuam iguais mesmo um depois de um século, não é?

    Não conhecia o filme e nem o livro, mas fiquei curiosa com a história. Ela parece possuir personagens cativantes e uma narrativa que nos leva a reflexão sobre a nossa sociedade.

    Beijos;*
    Ariane Reis | Blog My Dear Library.

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  3. Seria cômico se não fosse triste, essa questão de como as mulheres são tratadas como inferiores, mesmo 100 anos depois. Eu gostei do livro porque tem representatividade e também serve como forma de conscientização! Você fez ótimas considerações. Beijocas

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  4. Oi Lu, eu não vi o filme, não me chamou muito atenção, mas goste da premissa do livro e do tema, me parece uma ótima narrativa!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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