Resenha #822: Sangue Dourado - Namina Forna (Galera Record)

Título: Sangue Dourado
Título Original: The Gilded Ones
Autor: Namina Forna
Série: Deathless #1
Páginas: 378
Ano: 2021
Editora: Galera Record
Sinopse: Deka tem dezesseis anos e vive com medo e na expectativa da cerimônia de sangue que determinará se ela se tornará um membro de sua aldeia. Diferente de todos os outros por causa de sua intuição não natural, Deka ora por sangue vermelho para que ela possa finalmente sentir que pertence.
Mas no dia da cerimônia, seu sangue corre dourado, a cor da impureza e Deka sabe que enfrentará uma consequência pior do que a morte.
Então, uma mulher misteriosa vem até ela com uma escolha: ficar na aldeia e se submeter ao seu destino, ou partir para lutar pelo imperador em um exército de garotas como ela. Eles são chamados de quase imortais, com raros dons. E eles são os únicos que podem impedir a maior ameaça do império.
Sabendo dos perigos que se aproximam, mas ansiando por aceitação, Deka decide deixar a única vida que ela já conheceu. Mas ao viajar para a capital para treinar para a maior batalha de sua vida, ela descobrirá que a grande cidade murada guarda muitas surpresas. Nada e ninguém é exatamente o que parece ser - nem mesmo a própria Deka.
O início de uma série de fantasia ousada e envolvente para os fãs de Filhos de Sangue e Osso e Pantera Negra.

Alerta de conteúdo/gatilho: racismo, misoginia, estupro, tortura, automutilação, entre outros

Faltou tempero nessa sopa! Sangue Dourado tem uma premissa muito boa e conduz bem boa parte da narrativa, mas assim como outras fantasias do momento, parece se perder no meio do caminho e não saber como finalizar. Ainda me perguntando qual a necessidade de um livro dois para essa história?

Centralizada na jornada de Deka, a trama acompanha a jovem garota que, aos seus dezesseis anos, está prestes a participar da cerimônia de sangue; um rito de passagem que determinará se ela se tornará parte de sua aldeia ou será banida ou morta caso seu sangue não seja puro. Durante esse evento, antes que tenha chance de ao menos entender o que está acontecendo, seu sangue dourado aflora e a partir de agora sua vida jamais será a mesma. Enfrentando um destino pior do que a morte, Deka precisa escolher entre ficar na aldeia e aceitar os abusos ou partir para lutar pelo imperador junto ao um exército de outras meninas em uma batalha que mais parece um suicídio. Será ela capaz de ainda ter um futuro?


A narrativa de Namita Forna começa muito bem, apresentando um enredo interessante, uma protagonista bastante determinada e uma mescla pesada de cenas que doem ao serem lidas junto aos clichês já conhecidos das fantasias para esse público. Sangue Dourado tem todo um drama especialmente particular que faz você se envolver e se compadecer com a dor da personagem, apresentando críticas poderosas e marcantes sobre a sociedade machista e a desigualdade social, seja entre homens e mulheres, seja religiosa, seja entre raças diferentes. Forma é bem pontual nesses tópicos e de longe foi o elemento que mais gostei.

Infelizmente ao decorrer da história, a autora parece se perder mais conforme suas batalhas vão se tornando grandiosas demais e não apresentando um peso necessário para que você sinta impacto por aqueles momentos, ou pela falta de carisma que os personagens, incluindo a protagonista, parece não apresentar. Tudo se torna muito conveniente, e as respostas ou soluções parecem surgir por magia. Na reta final principal, a trama vira uma verdadeira bola de neve de cliffhangers e não se poda para explicar as aparentes mudanças que Deka vai sofrendo conforme mais sobre seu passado e sua origem vão sendo revelados.

De alguma forma, durante essa leitura eu senti o processo da história caminhar, mas não senti naturalidade no amadurecimento dos protagonistas. E ainda não sei aonde a autora pode levar essa história, já que uma continuação, na minha opinião, é totalmente dispensável, justamente pelo final bastante concreto que esse primeiro livro já dá. Fora que, terminei o livro bastante indiferente sobre a situação dos personagens, porque como comentei, era tudo muito conveniente e o perigo nunca parecia real porque eles sempre arrumavam uma solução para contornar e sair bem.

Eu não posso dizer que a leitura de Sangue Dourado foi de toda ruim, porque como afirmei no começo da resenha, ele tem um ritmo bom, a escrita é gostosa e as críticas começa bem. Na verdade ele está mais para uma história com bastante potencial que parece desperdiçado devido a maldita mania que se tem de expandir fantasias para nem que seja trilogia. Se esse primeiro volume tivesse menos página e se podasse um pouquinho mais, o segundo livro poderia até funcionar, mas a quantidade revelações feitas e o desfecho dos personagens não me da espaço de dizer: quero ler uma continuação. Pelo contrário, acho que essa trilogia acaba por aqui pra mim.

Resenha por Emerson Andrade (@microversonerd)

1 Comentários

  1. Oi, Emerson! Tudo bom?
    Já dei uma murchada de emoção porque comprei esse livro na Bienal esperando muita coisa dele KKKKKKKKK vou tentar ir com menos sede ao pote porque, como tu disse, tem coisas muito boas nele. Se eu esperar menos, talvez não fique decepcionada (por mais livros únicos de fantasia, pelo amor de deus!!!)

    Beijos, Nizz.
    www.queriaestarlendo.com.br

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