Resenha #657: Kindred Laços de Sangue - Octavia E. Butler (Morro Branco)

Título: Kindred - Laços de Sangue
Título Original: Kindred
Autor: Octavia E. Butler
Série: ---
Páginas: 432
Ano: 2019
Editora: Morro Branco
Sinopse: Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Em meio a pilhas de livros e caixas abertas, ela começa a se sentir tonta e cai de joelhos, nauseada. Então, o mundo se despedaça.
Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida… até acontecer de novo. E de novo.
Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.


Kindred é o tipo de livro que eu enrolei a leitura porque sabia que seria toda trabalha na raiva e ódio sobre as situações que acontecem com o personagem principal. E aqui não foi diferente. Infelizmente já aviso que essa resenha não chegará nem na ponta do iceberg de toda a experiência que foi esse livro pra mim.

Ao longo dessas 400 e tantas páginas, vamos acompanhar Dana viajar de 1976 até os EUA pré-Guerra Civil onde ser negro era ser sinônimo de escravo. Essas suas viagens no tempo (sim, no plural porque como se não bastasse viajar para um dos piores períodos históricos para um negro, ela ainda fica indo e voltado) estão ligadas diretamente à vida de Rufus Weylin. Dana sabe como e porquê essas viagens acontecem, mas não sabe quando podem acontecer.


Raiva, revolta e ódio definem minhas emoções com esse livro e seus personagens. Sim, os personagens também porque você fica revoltado com as situações que Dana tem que se propor a vivenciar para poder continuar viva naquele período. Dana é uma mulher negra que nasceu livre, mas se vê tendo que se propor ao papel de escrava submissa como forma de sobrevivência. Em seu tempo no passado, ela cria uma nova atmosfera na fazenda de Rufus justamente por ser uma negra que ele (de certa forma) respeita e ouve, e isso faz com que ela seja um tanto marginalizada e criticada pelos outros escravos da fazenda.  

A relação de Dana e Rufus é beira a dependência de um ao outro. Dana sabe que precisa de Rufus vivo para poder continuar viva. Já Rufus, mesmo se apegando a mulher e até mostrando um certo respeito a ela, utiliza de seu poder de homem branco para controlar Dana. Os sentimentos de Dana em relação a Rufus são bem conflituosos e, ao mesmo tempo que entendi o que ela passa, também fiquei gritando para as páginas do livro MATA LOGO ESSE SEBOSO PELAMOR DE DEUS!!!!!!!!!!!!!!!

Os personagens secundários também possuem bastante importância na narrativa e nas decisões de Dana. O seu marido Kevin até me surpreendeu em algumas atitudes, em outras era o que eu esperava de alguém branco que nunca vivenciará o que os negros vivenciam. Alice é uma escrava que tem sua vida bem interligada também com Dana, sendo também a responsável por fazê-la se lembrar quem Rufus realmente é. Há outros como Tia Sarah, Nigel, Carrie que também ajudam Dana a sobreviver dia após dia nesse tempo.

Octavia não é sutil em suas narrações, principalmente quando se trata do dia a dia dos escravos. Mesmo que na fazenda Weylin aparente que os escravos recebem um tratamento decente se comparado com outras, ainda assim sua condição de vida é sub-humana e o medo de represálias sempre pairam em suas cabeças. Apesar disso, eu devorei a leitura. Esse foi meu primeiro contato com a Octavia e achei sua escrita bem fácil e bastante fluída. Li essas 400 páginas de escravidão e opressão em menos de uma semana. 

Mesmo com o assunto extremamente pesado, Octavia te envolve e você fica mais e mais curioso para saber o que será do futuro de Dana (apesar que o prólogo já nos dá uma amostra e eu fiquei bastante curiosa para saber como aquilo iria acontecer). Ao final do livro, você se sente como Dana: em paz, mas com medo que aquela liberdade lhe seja tirada novamente.

1 Comentários

  1. Oi Lu! Estou fugindo de livro para passar raiva, já chega minha leitura atual. Eu já li vários elogios para esta obra, mas ainda não bateu aquela vontade de ler. Pelo visto é uma leitura bem pesada. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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